Sem Marcha-atrás: Jacques Dequeker

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Nostalgia

|Kate Moss by Ryan McGinley; Emanuela de Paula by Jacques Dequeker|

Tenho saudades do tempo. Esse sem marcha-atrás. Saudades de um quarto de hotel partilhado por quatro, cinto, ou seis pessoas. Saudades de deitar a cabeça num colo amigo e macio, o corpo num chão duro e sentir o sol a bater na cara, sem mais preocupações. Saudades da ingenuidade adolescente de planear um futuro com todas as cores do arco-íris. Saudades daquela luz do pôr-do-sol a entrar nas paredes brancas da casa. Saudades das pequeninas coisas, que são os nossos grandes acontecimentos, na verdade. Saudades das limonadas geladas nos Verões da infância. Saudades da imagem dele com o mar e o pôr-do-sol como plano de fundo. Vejo agora que o sol está para mim como o céu está para o mar. Estamos muito longe mas ao olhar para o horizonte, parece que nos tocamos. E tocamos mesmo, metaforicamente falando. Os melhores momentos da minha vida foram à luz do dia. Nunca me dei muito bem com o lado escuro. Tanto o dos dias como o da vida. Mas não confundam esta saudade com tristeza. Longe disso. Estou cheia de disposição e vontade. Deve ser da falta de sono. É, é isso.