sábado, 4 de fevereiro de 2012

Eu visto, logo existo

Elle Fanning in Rodarte by Bill Owens for A Magazine elle_fanning5
Elle Fanning by Bill Owens
A semana de moda é uma excelente época para se observar em máximo volume o comportamento das pessoas em relação a roupa. Como sempre, tem a população divertida que se monta toda pra passear nos corredores da bienal. Mas o que mais observamos era uma multidão de meninas e meninos (tanto nos corredores, quanto fora deles) querendo parecer imagens que já cansamos de ver nos blogs de streetstyle. Mas e dentro da roupa? Quem está lá? O que parece é que na casca de fora está sendo passada uma mensagem que em nada tem a ver com o conteúdo. Como se fossem zumbis. São combinações, trejeitos já vistos, marcas, logos… Tudo posicionado para dar uma mensagem. A aparência é realmente ótima. Mas lá dentro, ao invés de um cérebro que manda comer MIOLOS! existe um que comanda: BOLSAS, PULSEIRAS, SAPATOS!. É a cultura do “eu visto, logo existo”. Quando o que você usa, é mais importante do que você, a roupa passa a ser apenas um veículo de propaganda de quem você quer que as pessoas pensem que você é, ao invés de ser uma extensão da sua personalidade. Mas pera! Querer parecer alguma coisa que você gostaria de ser, não é também uma parte da sua personalidade? Sim. Parte da personalidade de um grande outdoor de propaganda. Me compre! Ando cada dia pensando mais nestes assuntos. Mostramos aqui uma infinidade de tendências e produtos, mas gostaria de poder ter certeza que, ao invés de infectar mais pessoas com a febre virótica dos zumbis da moda, estamos dando opções para quem quer ter personalidade própria e escolher o que realmente lhe representa neste mar de consumo. E não. Ter coisas não nos faz pessoas melhores. E tentar disfarçar o vazio que há por dentro de uma pessoa com mil peças da moda, só evidencia ainda mais o buraco. Como eu disse para a Marina: “O que você usa fala muito de você, mas o que você usa não fala por você”. 
Julia Petit in Petiscos

Eu estava para escrever um post sobre esta matéria há já algum tempo, mas a Julia Petit tirou-me as palavras da boca. E acrescento mais, é também por isto que sou completamente contra falsificações. É óbvio que a roupa barata das lojas queridas da nossa praça é muito inspirada nas criações dos designers de alta costura. Quem está a par do que acontece internacionalmente, vê isso com muita facilidade. No entanto, há uma grande diferença entre uma mala Vuitton falsa e um vestido com etiquetas Zara inspirado na Prada. Esta onda de falsificações, que há muitos anos acontece com malas e carteiras das mais variadas marcas de luxo, está a chegar agora ao calçado. E o pior é que, enquanto quem percebe de moda verdadeiramente faz de tudo para ser original, dar um toque de personalidade e não usar coisas mais do que vistas, as miúdas deliram todas com imitações das botas do Jeffrey Campbell. As botas são giras dentro do género e tal, mas não tão giras assim, e ao preço que compram as falsificações existem coisas muito mais interessantes. Até porque não adianta nada tentar mostrar aos outros uma coisa que não é. Os pormenores nunca serão iguais. E como diz a Julia tão bem, faz parecer quem usa as estampas apenas tonto.

I’d rather live on my own than live with a face that looks at me with the wrong eyes ~ Jane Birkin

1 comentário:

Eli disse...

Não podia concordar mais com ambas! Preto no branco!

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