terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Balançar - 2009

merci
Tenho o hábito de fazer vários balanços por ano. Fiz um pequenino em Novembro passado que diz de forma resumida tudo.

2009 foi um ano cheio. Começou em festa na quinta da família. Música alta, sorrisos, espumante doce, uvas passas com 12 desejos e o tradicional saltinho da cadeira com o pé direito. Tradição ou superstição, o certo é que 2009 foi um ano de sorte. Sorte ao amor, aos amigos e à vida.
Janeiro entrou depressa e passou devagar. Tão devagar como os dois anos anteriores me parecerem. Foi um mês sereno e monótono. Porém, cheio de optimisto, vontade e sonhos. Vi cair neve no Porto, os fins-de-semana passava-os nas esplanadas de Miramar, houve tempo para actualizar as leituras e ver ou rever filmes. Fevereiro chegou na mesma onda calma do primeiro mês do ano, mas lá para o meio animou. Solteiras e felizes festejamos o dia dos namorados numa noite de meninas (coisa que não gosto particular-me) maravilhosa, dividi-me em jantaradas e noitadas com os amigos de sempre e os mais recentes e por fim, o Carnaval para fechar em grande. A indumentária de odalisca valeu-me uns quarenta de febre, mas não foi em vão. Aquela noite tinha mudado a minha vida e eu não sabia. De Março pouco há a dizer. No final do mês partimos em direcção a Palma de Maiorca para a viagem de finalistas tão esperada. Viagem essa que se estendeu por Abril. Muito se falou da viagem, muito se viveu na viagem. Eu particularmente, uma vez que o coração bateu mais forte, e de que maneira, a partir dali. Aquele Carnaval mudou a minha vida. Soube-o em Abril.
Mais do que me mudar o rumo da vida, mudou-me em muito a visão que trazia do amor e dos homens em geral. Sofrida e demasiado velha para minha idade, como me dizem os amigos de sempre, abri portas que pensava não existirem. Mas "Em Abril águas mil" diz o povo com razão. O mês da liberdade, e da ressurreição de cristo para os cristãos, pregou-me um valente susto. A minha mãe hospitalizada de urgência deixou o meu pai deprimido e a mim um pouco à deriva... Tudo acabou bem, felizmente. Maio trouxe-me a minha querida mãe de volta e a paz de espírito que tanto prezo. Para além disso, trouxe as borboletas na barriga e o "estado civil" de comprometida. Foi um mês repleto de diferentes energias, contudo mais positivo que negativo, uma vez que existiu muita festa. No dia trinta, para encerrar com chave-de-ouro, vesti de gala. Em cima dos doze centímetros das sandálias e do vestido comprido rosa, lá fui para o meu baile de finalistas. Baile no qual fui surpreendida pelo S. que apareceu sem dizer nada.
Meio ano passado. Junho veio no seguimento do espírito de Maio. Feliz por tê-lo e triste por não o ver tanto quanto queria. Amores moderadamente à distância também não são fáceis e quando se está em aulas e num ano escolar decisivo, ainda pior. Houve o São João, que me fez correr para Vila do Conde ao encontro dele, não sem antes ver os amigos a lançarem na Invicta o tradicional Balão de ar quente. Morreu o Rei da Pop e o anjo de Charlie, veio o sol e o calor que me fizeram esquecer dos exames nacionais e por fim, reencontrei amigos queridos que me deixaram ainda mais feliz.
O sétimo do ano se fosse um sismógrafo fazia curvas tão acentuadas que rebentava a escala. Tive momentos de verdadeira alegria e de profunda tristeza. Em primeiro lugar, tive que dar o litro para os exames, uma vez que na primeira fase não me pus à sombra da bananeira, mas ao sol do areal. Passada esta fase com sucesso, o tempo para descomprimir surgir finalmente. Praia, amigos, amor - o melhor da vida.
Foi sol de pouca dura. Pouco depois do meio do mês fiquei sem chão com o fim da minha relação. Em vez das borboletas, tinha um nó estômago; em vez de olhos a brilhar de felicidade, tinha lágrimas. Custou bastante, principalmente porque nos habituámos a gostar, a estar e a sentir o outro sempre ali. Mas teve que ser, ambos precisávamos daquele tempo. Um tempo difícil onde me tentei distrair ao máximo com a ajuda dos amigos em alguns dias. Em outros só precisava de me isolar e estar comigo mesma. No dia 31 completei 19 aninhos. As meninas decidiram fazer-me uma surpresa. Tiraram-me de casa e às zero horas em ponto acenderam uma vela num queque, ao som do parabéns-a-você. Depois dormimos e no dia seguinte, que era o mesmo, houve o jantarinho e noite adentro pelas ruas e bares do Porto. Prometi a mim mesma que ia passar um aniversário animada. Prometi, porque nos dois anteriores tinha chorado e neste também me sobravam motivos. Fui valente, diverti-me e apesar de não estar no meu auge, tentei parecer.
Agosto esteve muito tempo como o meu estado de espírito: chuvoso. Foi um mês dedicado em pleno às amizades. Oscilei novamente em depressões e dias risonhos, decidi retomar a minha carta de condução no mês seguinte e fui de férias com as meninas para o Algarve. Quando já estava decidida a começar um novo capítulo na minha vida, ele voltou para mim. Felizmente. 29 de Agosto, Azurara Beach Party. A nossa praia de sempre e a mesma cumplicidade de sempre. Um novo capítulo começara.
Setembro, mês do Outono, das vindimas na terrinha e de resoluções. Tirei o código que andava a arrastar há séculos e fui para o meu curso de Nutrição que tanto desejava. Do amor, lá estava firme e mais forte que nunca. O Outubro foi calmo. Aulas, namorado, aniversários e pouco mais. Assim como Novembro. Meses felizes, serenos, cheios de paz e amor.
Resta o Dezembro que está a acabar. Como disse no pequeno balanço de Novembro, nas palavras de Jorge Palma «o que lá vai, já deu o que tinha a dar». E é mesmo. O Natal foi óptimo, as aulas de condução correm bem, tenho um namorado perfeito, amigos fantásticos, Anatomia Humana feita por frequência...o que mais posso querer? Nada. Se mexer demais pode estragar.
Um novo ano traz-nos a sensação ilusória de uma folha em branco. Temos mil e uma coisas para lá escrever, mil imagens para colar. Depois o tempo passa e as vontades e projectos ficam para trás, perdemos imagens e esquecemos palavras e pensamentos. A vida é isto: não ser organizado. A vida é o momento, a emoção. Esperar tudo sem esperar nada. Por isso, e para terminar este meu balanço de um belo e generoso ano, que 2010 não seja uma folha em branco, mas a mesmo já escrita. Que se teçam novas linhas, que se escrevem novas páginas com letra bonita. No final, o livro tem que valer a pena.

Sem comentários:

Enviar um comentário