segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pobres de espírito

by Photo by Irving Penn barry_ryan_1_940
© Irving Penn

Fico incomodada quando ouço as pessoas a declararem aos sete ventos sou tão boa amiga, ou então já viste o que fiz, sou tão boa pessoa. Fico irritada quando as vejo sentirem-se o centro do Universo. E fico com vontade de rir quando estas dizem que jamais farão uma determinada coisa. São as primeiras a fazê-lo. As primeiras a trocar uma amizade por um amor, a pisar todos para atingir objectivos, a atirar a primeira pedra, a arranjar conflitos constantes à sua volta e a desculpar-se em lágrimas. Desconfio muito das lágrimas. Pouco me comovem ou nada. Talvez por quase sempre as ter derramado na minha solidão. Comove-me, sim, um olhar triste ou uma expressão infeliz.
Deve ser extremamente custoso ter que estar sempre a provar  aos outros isto e aquilo - muitas vezes com recurso às lágrimas - principalmente em relações de amizade. Não se contentar em saber, mas ter que o espalhar para que todos o saibam. Os bons amigos estão lá, independentemente da distância, do tempo e dos erros que todos cometemos na nossa imperfeição. A amizade não precisa da presença física do amor e da paixão para sobreviver. E uma boa pessoa não precisa de actos heróicos para o ser. Precisa apenas de o mostrar nas pequeninas coisas de todos os dias. Sem mais nada.

3 comentários:

Silvia Oliveira disse...

E é por estas e por outras que sou tua amiga. Que texto lindo. Que prazer em ser tua amiga.

Miss you

<3

Poetic Girl disse...

Eu também gosto dessas que apregoam que nunca, e pumba vai-se a ver fazem como os outros. Já vi tantas engolirem o que dizem... bjs

Margarida disse...

a mim as lágrimas comovem, mas as de alegria.

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