|Natalia Vodianova by Mert Alas & Marcus Piggott, Eva Herzigova|
É impressionante a importância que damos ao corpo e aos defeitos da nudez. Nascemos sem roupa e, ao que parece, só temos a consciência do conceito, porque a Eva desrespeitou as ordens e caiu em tentação, comento o fruto proibido e dando-nos de herança o pecado eterno. Eu não sou diferente. Também me incomoda verdadeiramente a gordurinha aqui e a celulite ali, mas não vivo obcecada com isso. Os padrões sociais mudaram muito, e se antes gordura era formosura, e magreza sinal de pobreza, nos nossos dias gordura é feiura, e magreza quase um sinónimo de beleza. Que assim seja, até porque, na verdade, em questões de saúde temos mais a ganhar com isto. Não defendo que não devemos ter preocupações estéticas, pelo contrário. Sou racional em muitas áreas da minha vida, mas nesta nem por isso. Todos gostamos de olhar e apreciar coisas bonitas, mas vendo bem, é a anatomia conjugada com o nosso modo de vida, mais uma mãozinha da gravidade e a ajuda do tempo, que trabalham para combater o belo e a frescura da juventude. Como mortais e pecadores, portadores de desejos e sexualidade, com certeza que o corpo é nosso maior instrumento de prazer. Se tomarmos partido dele, dá-nos mil e uma possibilidades, independentemente do quilinho a mais. Ou seja, como em tudo nesta vida, o corpo só tem o valor que lhe queremos dar. Uns têm a sorte de ser bem resolvidos na questão, mesmo que não estejam exactamente dentro do protótipo; outros, com mais ou menos razão, têm de aprender a gostar de si e, acima de tudo, não o valorizar de mais, filtrar o que chega no processo de socialização, para que no final não acabem desvalorizando o que são em distúrbios alimentares e suas nefastas consequências.
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